quarta-feira, 28 de março de 2012

Maçonaria faz mal?

Pergunta interessante de se colocar em um blog dedicado a Família Maçônica, não é? Pode até vir a chocar. Ou talvez nem choque ou surpreenda porque a resposta, dado o lugar onde está escrito, vocês já devem imaginar.

Pois bem, a resposta é não... e sim!

Deixem-me começar explicando o motivo do post em primeiro lugar e depois passamos às respostas.

Por diversas vezes as pessoas têm me questionado sobre o meu envolvimento na Maçonaria (que por sinal é um amor antigo) e achei pertinente falar sobre isto e aqui neste espaço depois de ter refletido muito sobre o assunto. E isto foi preciso, porque boa parte dos que me indagam procuram saber qual o segredo da Maçonaria; se quando a gente entra na Maçonaria fica rico (já vou completar quatro anos e ninguém me conta sobre isso. Qual é IIr.´.? Negando informação? Risos); se temos pactos satânicos; se adoramos a bodes; se trocamos sangue com alguém etc. Mas isto citando apenas os mais educados. Há insinuações mais maldosas, que nem merecem menção aqui.

Enfim, passo a discorrer sobre o tema.

Tal qual acontece no organismo humano, onde temos produtos que fazem bem e os que fazem mal. Alguns produtos podem afetar-me e outros, que já afetam vocês, podem não afetarem-me em nada. Muito vai depender de alguns fatores tais como ambiente, tempo de aplicação e do organismo mesmo. Com a Maçonaria acontece coisa semelhante. Pode fazer "um bem danado" ou pode muito bem "danar um". Tudo depende de como você faz o uso da Maçonaria e como atua nela.

Faz mal quando...

Muita gente fala que o mal da Maçonaria está em ser secreto, em termos pactos e segredos escusos, que somos Iluminati e outras tantas teorias da conspiração. Embora haja quem grite vade retro quando se fala na Augusta Maçonaria, não vejo problemas diretos de Ordem Espiritual. Não é uma instituição dirigida por seres sobrenaturais que atravessam portas e que param em toda encruzilhada para comer uma galinha para tirar gosto da cachaça. De modo algum! A direção da Maçonaria é composta de homens. E é aí que reside a parte ruim.

Diz-se que a Maçonaria surgiu com inspiração nas Guildas de Construtores Medievais, espécies de entidades de classes que preservavam os segredos do ofícios e ajudavam-se mutuamente ou mesmo rivalizavam pela construção de uma obra. Seus maiores clientes? A Igreja Católica.

Com um tempo, a Idade Média ruiu, a sociedade feudal amonetária foi "para o ralo" e as profissões foram sendo aprendidas por pessoas diversas, as pessoas ganharam (com as devidas ressalvas) o direito de ir e vir, antes restrito basicamente aos que detinham o ofício de pedreiro. A Maçonaria então, começou a receber outros homens mais intelectualizados e preocupados com questões outras, que identificaram como a construção da sociedade através do aperfeiçoamento de cada homem. Estes homens são as pedras que compõem a grande obra que é nosso mundo. Tijolos perfeitos em fundação perfeita, igual a construção perfeita. Ideia ótima. E utópica...

Estes senhores, como homens, tinham a tendência de tornar o simples em complexo. O que antes eram técnicas de construção, tornou-se objeto de estudo da ética e da moral, onde nasceu a ideia prepotente de que a Maçonaria seria uma panaceia para a Europa e consequentemente o mundo.

Estes nossos Irmãos mais velhos começaram imaginarem-se acima dos demais. Suas habilidades não cabiam mais dentro das precárias estruturas administrativas e litúrgicas da Francomaçonaria. Expandiu-se então a Ordem e cargos foram criados, emblemas, graduações etc. Só para citar um exemplo, a lardeia-se por todos os lugares que o Templo de Salomão deu origem ao nosso quando na verdade, o Templo do ilustre Rei somente entrou na história da Maçonaria muito tempo depois. Se os Maçons eram construtores de Templo, o eram da Igreja Católica Romana. Até hoje ainda se fala muito da Maçonaria (vide Dan Brown, Superinteressante, Mundo Estranho, History Channel), mas o que eles sabem, veio de escritores, Maçônicos, diga-se de passagem, que entendem muito pouco da coisa. Eles tendem a procurar pesquisadores que tratem as Lojas como redutos de místicos e ocultistas preocupados em encontrar a Pedra Filosofal e o elixir da vida eterna. Até mesmo uma genealogia foi criada, colocando Adão como primeiro Maçom (???) em época que não havia construções, por exemplo. Claro que vemos isto como mais uma tentativa de chamar atenção e de dar um caráter de antiguidade a Maçonaria. Tanto quanto se tentar dar uma longevidade a extinta Ordem Iluminati até os dias de hoje.

Decorre de tudo isto que uma associação com pretensões tão grandes leva seus membros quase que inevitavelmente ao orgulho e ao pavoneamento. Faz com que os Senhores que adentrarão as Lojas para serem chamados de Irmãos, vejam na Maçonaria um lugar de promoção social, prestígio e onde ele pode achar-se o "rei da cocada preta" que ele não é fora daquelas quatro paredes. O rapaz entra na Maçonaria já perguntando com chegar ao tão famoso Grau 33° sem ter a mínima noção que tais Graus tão elevados foram criados para vender títulos e produtos ainda nos séculos XVIII e XIX, no caminho entre a Europa e os Estados Unidos. Quem achar que estou falando alguma inverdade, poderá ler algum dos livros do Ir.´. Francisco de Assis Carvalho, popularmente Xico Trolha. Não sabem também que partindo da mesma onda "A roupa nova do Imperador", um homem chamado André Miguel de Ramsay inventou que a Maçonaria teve um casamento secreto com a Ordem dos Templários, coisa que até hoje dá dinheiro. Isto resultou nos Graus que conhecemos hoje como Rito Escocês Antigo e Aceito, derivado de um tal Rito de Perfeição que tinha 25 Graus. O dito Rito é o mais praticado no Brasil. Influência francesa.

Mas  questão é exatamente pegar uma pessoa que ontem era um nada e colocar numa cadeira destacada, com um paramento chamativo e atendendo por um cargo de nome tão grande que não se pode nem dizê-lo sem tomar fôlego antes. Isto é de abrir a calde de qualquer pavão... ou mesmo de um peru.

Nós seres humanos não sabemos lidar muito bem com a glória ou com o prestígio. Corremos atrás destes como loucos, mas quando os conseguimos, não tem que suporte chegar perto de um de nós. O já pretensioso título de construtores de uma humanidade melhor atribuído a um pequeno grupo pega um homem despreparado e faz o dito colocar-se num patamar que o separa dos outros homens e ainda o faz tratar os outros como medíocres, afirmando que "Nós Maçons somos diferentes."

Se há algum problema na Maçonaria meus caros Irmãos, Sobrinhos e Sobrinhas, este é a vaidade e o orgulho que decorrem da condição de pertencente a uma sociedade fechada, discreta, mas tida por alguns como secreta e com membros selecionados entre os ditos mais bem conceituados cidadãos de nossa sociedade.

O orgulho e a vaidade, este nosso amor a ter nosso nome citado, nossa voz ouvida ou nossas palavras lidas (Claro que não me excluo. Quem sou eu para me excluir da lista?) faz muito mal para nós mesmos. A primeira coisa que faz é dar a falsa impressão de que não precisamos progredir. Quem mexe em "time que está ganhando"? Você? Depois, nos torna intragáveis até mesmo para os amigos e para os outros Irmãos, que não são os culpados por dizerem "Nossa! Lá vem o chato do sabe-tudo. O bam-bam-bam tá na área." E isto aplica-se a todos os sexos, Sobrinhas e Cunhadas. Todos somos culpados disto. Todos procuramos esta promoção que nasce de um desejo legítimo de sermos aceitos, mas leva a uma necessidade doentia de querermos ser adorados ou pelo menos colocados em um patamar superior.

Entra aí outro fator prejudicial. O único digno de adoração e glórias é Deus. Adorou a si mesmo ou a outro, colocou-se contra Deus. Aí o Maçom vai pula o muro e passa a ser o que a Maçonaria combate. A idolatria e a paixão exagerada pelo "eu mesmo". Sim a Maçonaria prega que não devemos adorar a seres humanos. E nem é mesmo apenas por uma questão religiosa, porque mesmo o Rito Moderno ou Francês, que nos tempos de outrora era declaradamente ateísta (não quer dizer que seja contra a religião, apenas é laica. Não se depende da crença no Ser Supremo para ingressar e se manter.), mas mesmo assim, não admitia esta crença de que o homem deveria ser adorado e renegava a ditadura, que já é resultado destas adorações.

Enfim, o mal da Maçonaria é o homem que a compõe dar asas a um dos maores desejos do homem que é ser superior. Lembrem-se que Adão pecou quando ouviu o "Serão iguais a Deus".

Mas isto não quer dizer que quem é Maçom é orgulhoso. De modo algum. Existe um lado bom na Maçonaria, ou melhor, vários lados bons aos quais chamarei a atenção. Inclusive o fato de per si combater tudo o que acabei de falar acima.

Mas... Vou deixar isto para outro post para que não fique tão cansativo ler este aqui. Assim, voltem amanhã e confiram o que há de bom na Augusta e Respeitável Ordem Maçônica. E já vão lendo este aqui e evitando estar parte ruim que aqui exponho.

Até amanhã então..