quarta-feira, 17 de junho de 2009

Sinceridade Cristã

Mateus, 5:

33 Outrossim, ouvistes que foi dito aos antigos: Não jurarás falso, mas cumprirás para com o Senhor os teus juramentos.
34 Eu, porém, vos digo que de maneira nenhuma jureis; nem pelo céu, porque é o trono de Deus;
35 nem pela terra, porque é o escabelo de seus pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande Rei;
36 nem jures pela tua cabeça, porque não podes tornar um só cabelo branco ou preto.
37 Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; não, não; pois o que passa daí, vem do Maligno. (Tradução de João Ferreira de Almeida Atualizada)

Este pequeno estudo envolve a questão dos juramentos prestados pelos maçons e a sua pretensa incompatibilidade com os princípios cristãos expostos na Bíblia Sagrada e mais especificamente nos ensinamentos de Jesus Cristo conforme os evangelhos.

É necessário, para que tal assunto seja bem compreendido, que seja tratado de modo amplo e contextualizado em todo o conjunto de ensinamentos contidos na Bíblia Sagrada e não, simplesmente, tratado nos limites de uma frase ou versículo. No meio cristão é comum a citação “um texto fora do contexto é apenas pretexto (para heresia)”.

Em hermenêutica a regra de contextualização é básica para qualquer estudo que se pretenda fazer. Encontra-se desde os séculos XVII e XVIII o uso do termo no sentido de uma interpretação correta e objetiva da Bíblia. Spinoza é um dos precursores da hermenêutica bíblica.

É importante salientar que a minha motivação de apresentar estes comentários, buscando aprender o propósito de Deus pelo ensino da Escritura, é prática e pessoal e não acadêmica e polêmica.

Convido ao prezado leitor que utilize uma Bíblia Sagrada para acompanhar o desenvolvimento do estudo e para ler os textos indicados. Melhor ainda que sejam pesquisados os textos em diversas diferentes traduções da Bíblia Sagrada, incluindo aquelas com comentários a respeito dos textos.

Quanto mais amplo o seu estudo, melhor será o resultado para você. Vamos, então, ao estudo do tema.

Em hebraico há duas pa­lavras, shebhü'â e 'ãlâ; em grego encontramos horkos.

Das duas palavras hebraicas. 'Ãlâ é a mais vigorosa: significa um juramento de execração ou maldição invocado contra a pessoa que quebra um juramento feito; shebhü'â se deriva do vocábulo que significa 'sete', o número sagrado, e tem referência ao ritual de um juramento.

As Sagradas Escrituras muito têm a dizer sobre juramentos feitos pelos homens. Um juramento é a invocação de uma maldição sobre aquele que rompe com a sua própria palavra (1 Sm 19:6) ou se tal pessoa não está proferindo a verdade (Mc 14:71).

Essa idéia de invocação de uma maldição contra si mesmo tem levado alguns eruditos a sugerirem que, por ocasião da invocação do Nome de Deus está envolvido um juramento que 'libertava a ação de Deus', onde o hebreu entregava a Deus o dever de agir contra o indivíduo perjuro ou falso (A. Le­liêvre, em Vocabulary af the Bible (ed. J.-J. von Allmen), 1958).

No ato de ser feito um juramento, vários meios (Gn 24:2; Dt 32:40) e fórmulas (Nm 5:12; Gn 31:50; Jz 8:19; 2 Rs 2:2; Jr 42:5; Mt 5:34-36; 23:16) eram adotados.

Freqüentemente os temíveis efeitos de sua falta de cumprimento não eram expressos (2 Sm 3:9. mas veja também Jr 29:22).

A seriedade dos juramentos é destacada nas leis de Moisés (Ex 20:7; Lv 19:12). Os israelitas eram proibidos a fazer seus juramentos por deuses falsos (Jr 12:16; Am 8:14). Ezequiel fala de modo a deixar entendido que o perjúrio era punível com a morte 17:16 e segs. Entretanto, na lei, o testemunho falso prestado por uma testemunha, e a negação de um juramento a respeito de algo encontrado ou recebido (Lv 5:1-4; 6:1-3), podia ser expiado por uma oferta pelo pecado (Lv 5:5 e segs.; 6:4 e segs.).

Jesus ensinou que os juramentos obrigam aqueles que os proferem (Mt 5:33). A conversação diária do crente deve ser tão sagrada como um juramento. Não deve ter o crente dois padrões de verdade, como certos judeus que usavam duma graduação móvel em relação aos juramentos. No reino de Deus os juramentos tornar-se-ão finalmente desnecessários (Mt 5:34-37). O próprio Cristo aceitou o juramento imprecatório (Mt 26:63 e segs.), e Paulo também jurou (2 Co 1:23; Gl 1:20).

Jesus, nesta passagem didática, está se referindo a um legalismo estreito e enganador, que exige um juramento específico para obrigar o cumprimento daquilo que foi falado.

A implicação de uma tal abordagem com relação à honestidade, é que só necessitamos sermos verdadeiros sob juramento. Ele proibiu também a idolatria implícita de jurar por qualquer coisa que não fosse Deus.

Indica que os juramentos sem necessidade são contrários ao espírito de simplicidade evangélica recomendada pelo Senhor Jesus.

No Antigo Testamento juramentos em nome do Senhor eram obrigatórios em determinadas ocasiões: quando a palavra necessitava de um fiador idôneo ou mesmo diante de um voto.

A quebra da palavra empenhada era um ato sujeito às penas da Lei (Ex. 20.7; Lv 19,12; Dt 19.10-19 ).

Deus era (e é) o juiz onisciente de toda a falsidade. "...tão certo como o Senhor vive" (1 Sm 14:39). Essa ênfase na santidade dos votos ocorria devido à falsidade costumeira entre as pessoas em seus acordos cotidianos.

Jesus ensina que o verdadeiro cristão deve ser autêntico e sincero em suas afirmações; afastando-se de toda a ambigüidade e falsidade comuns neste mundo controlado pelas forças do Diabo.
As Escrituras igualmente testificam que Deus se comprometeu por juramento (Hb 6:13-18). O que o Senhor se comprometeu a realizar foram Suas promessas para com Seu povo ligado Consigo mediante pacto: por exemplo, Suas promessas aos patriarcas (Gn 50:24), Suas promessas à dinastia da­vídica (SI 89: 19-37,49), Suas promessas ao Rei-Sacerdote messiânico (SI 110: 1-4).

O Garantidor de todas essas promessas é Jesus Cristo, em Quem tais promessas encontram sua resposta afirmativa, 'Sim' ou 'amém' (2 Co 1:19 e seg.; cf. Is 65:16).

Por ocasião do Seu advento, Jesus Cristo cumpriu os antigos juramentos de Deus aos patriarcas (Lc 1:68-72; 2:6-14), a Davi (At 2:30), e ao rei-sacerdote do Antigo Testamento (Hb 7:20 e seg., 28). Vd E. C. Walls, em A Theola­gical Word Book of the Bible (ed. A. Ri­chardson), 1950, págs. 159 e seg.

Comentários complementares, de minha parte, como cristão e maçom:

Reitero o fato de que os votos e juramentos maçônicos não são dirigidos para compromissos com pessoas e, sim, são compromissos assumidos para a defesa e prática de princípios éticos e morais, tais como:

- não revelar os meios de identificação (reconhecimento) usados pela maçonaria. Este fato não o impede de declarar-se maçom quando inquirido a este respeito.

- defender e proteger os maçons esparsos pelo mundo naquilo que for possível, necessário e justo (ou seja, que não ultrapasse nenhum limite físico, material ou de consciência)

- conservar-se sempre como cidadão honesto e digno, submisso às leis democráticas do País, amigo da sua família, maçom sincero e nunca atentando contra a honra de alguém.

Reitero, também, que a maçonaria não é uma instituição secreta e suas reuniões e administrações são realizadas em local plenamente identificado e a constituição das Lojas segue as leis associativas vigentes no País. O fato das suas reuniões serem exclusivas para os seus membros não a constitui em uma “organização secreta”.

Na tomada de decisão de aceitar um convite para ingresso em uma Loja maçônica, o cristão deverá ponderar estes e outros pontos em profundidade. Espero que este estudo contribua positivamente na elucidação e esclarecimento deste tema tão sensível e importante para nós cristãos maçons e potenciais candidatos.

Tiago 1:7-8 "... e cada decisão que vocês tomarem assim, será insegura, na medida em que vocês se voltam ora para um lado, ora para o outro. Portanto, se vocês não pedirem com fé, não esperem que o Senhor lhes dê alguma resposta concreta".

Ir. Kleber Siqueira

ARLS Universitária Urbi et Orbi 657 – GLESP Or. de São Paulo

Fonte: Site Salmo 133

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